A fase da mordida na educação infantil

16/02/2012 21:47

 

A fase da mordida na educação infantil

2012-02-16 21:36

 

A fase da mordida na educação infantil

 
Todos nós conhecemos alguém que já passou por isso! Ou já teve o filho mordido na escola, ou o próprio é que está mordendo tudo e todos. Enquanto professora, sempre que tenho esse problema em sala, costumo agir com muita calma e chamar os dois para uma conversa bem tranquila. 
Começo perguntando se o amigo é uma maçã, ou se o braço (ou local mordido) por um acaso é uma salsicha, ou uma pizza. Óbvio que eles rindo respondem que não! Continuo num tom sério porém sem grandes alardes, e pergunto o que normalmente eles comem. Ficam horas listando macarrão, chocolate, pão, tomates,... Para concluir nossa conversa, volto a perguntar, se o braço do amigo não é uma comida, então porque você está mordendo? A gente morde maçã, pizza, o que mais? E eles ajudam na lista... E o braço do amigo a gente morde? E eles mais do que depressa respondem que Não! Então, braço (ou qualquer parte que seja) NÃO é comida, portanto a gente Não morde. Agora pizza, tomate, maçã,.... a gente MORDE! 

Muitas vezes a mordida não é intencional! Enquanto mãe sei que é realmente difícil entender pois imaginar sua frágil criança sozinha com monstros mordedores de criancinhas...nos faz querer defender nossas crias e isto é o nosso INSTINTO MATERNO. Muitas vezes, mães chegam a orientar os filhos: olha morda de volta, não seja fraco! Mas se ensinarmos as crianças a dizerem aos amigos: NÃO gosto quando faz isso; ISSO dói muito; VOCÊ me machucou; ou qualquer forma verbalizada de expressar um sentimento, eles assimilaram da mesma maneira e resolveram o conflito sem gerar mais violência. Eles não sabem o que motivou o amigo a morder, mas sabem que a mordida que vão dar de volta para se defender é uma agressão, pois dói e eles não gostaram dessa sensação. Mas estão causando essa sensação ruim no amigo. 

Temos sempre que tomar cuidado com os nossos NÃOS. A criança precisa de uma explicação lógico pois senão fica confusa! É como dizer para elas NÃO grite. Aí o papai fanático por futebol leva seu filho no estádio e aos berros grita o nome do timão e incentiva o filho a gritar junto. Peraí, mas não me orientaram a não gritar? Hum, confuso. A criança precisa do complemento não só do não! Sim filho você pode gritar assim, mas no estádio, no parque, aqui em casa (ou no restaurante, ou no cinema) não pode porque é fechado e vai doer nosso ouvido, não é legal, né? 

Você vai ajudar sua criança a fazer distinção desde cedo de lugares e associá-los ao seu comportamento. Aqui vai algumas motivações sobre o porquê das mordidas: As crianças exploram o mundo usando TODAS as partes do seu corpo e os seus sentidos, portanto a boca é uma delas. Ao explorar o mundo, elas também estão aprendendo a lei da causa e efeito, testando reações as suas ações. Elas não sabem que a mordida dói e não consegue ainda projetar o que o outro está sentindo. 

As crianças são o centro das atenções em suas famílias, na escola essa atenção tem que ser dividida. Que tal dar uma mordidinha para prestarem atenção em mim, mesmo que seja uma atenção “negativa”. E é obvio que sempre vai ter aquele amigão que imita tudo, e por imitação vai acabar mordendo também! Temos sempre que lembrar que crescer é bem “cansativo”para nossos pequenos. 

Você já parou para pensar a tonelada de informações, mudanças no corpo, dores, sentimentos, pessoas enfim tudo o que eles estão conhecendo? As vezes a mordida é o meio deles dizerem que estão sobrecarregados, cansados, estressados, frustrados e como eles ainda não aprenderam a verbalizar tudo isso, é mais fácil e rápido canalizar esses sentimentos com uma mordida! É rápido e fácil! E não adianta ficar perguntando o porque, pois eles ainda não sabem expressar ou identificar e verbalizar o que sentem. 

Se esse comportamento for repetido com muita frequência e fugir do controle, então as causas podem não ser as citadas acima. Sim! Existem casos de crianças agressivas e mal comportadas, ou sem limites. Nestes casos, a intervenção deverá ser outra, com especialistas pois a família vai ter que estar junto com a escola para resolver esse problema em sintonia uma com a outra.

Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), especializada em Administração Escolar, com pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).