Ser mãe e profissional: relaxa, pode dar certo!
Ser mãe e profissional: relaxa, pode dar certo!
Por: Erica Carattiero
Quando o relógio biológico esgoela, sai de baixo, não adianta fugir. E sou muito lerda pra saber quando ele está me avisando: se prepara para receber a missão de cuidar de uma criança.
Em meio a uma vida profissional sem rotinas, puxada, com muitas viagens e em meio aos “de repente recebi um telefonema e…”. E pior: acreditando que amamentar exclusivamente por pelo menos 6 meses e ter o bebê em casa sem creche, babá, etc até os 2 anos e meio é o ideal. Parece impossível? Pois pra mim não foi.
Tive meu primeiro filho com 19 anos, início de faculdade, solteira. Tá, brinquei de casinha, fiz tudo “errado”. Amamentei pouco por falta de orientação. Não me dei tempo de curtir mais meu bebê, apesar de ele ir pra creche por somente meio período. Tudo bem, minha ficha demorou um pouco a cair (somente 12 anos). Achava que a cesárea agendada para a data provável do nascimento era a melhor coisa do mundo.
Doze anos depois, já trabalhando, exatamente em um momento de mudança profissional, em que iria viajar muito todos os meses e ter que planejar muita coisa: péééé! Acorda, mamãe, estou vindo!
Era para ter sido um momento de desespero: de novo sozinha, 32 anos, sem saber como faria com um trabalho que dependia exclusivamente de mim, sem ter licença maternidade etc e bla bla bla. Mas não foi. Curti a gravidez ao máximo, planejei absolutamente tudo em relação ao parto, trabalho, viajei a trabalho ate os 8 meses completos de gestação e…
Obra do destino, mais uma cesárea. Diga-se de passagem, desneCesárea. Pensei: agora o restante só depende de mim. E dependeu mesmo. Vim para casa, e quando Sophia tinha ainda 3 dias, já estava trabalhando novamente (como sou autônoma, trabalho em casa). Estava tranqüila, segura de mim mesma. Dispensei ajuda da minha mãe com 9 dias de operada. Retomei as viagens a trabalho quando minha filha tinha 2 meses: aproximadamente 12 horas de carro.
As paradas na viagem seguiam o ritmo das mamadas dela. Hotel, coxias de teatro, reuniões. Tudo com ela junto. Me chamaram de louca, irresponsável, ela iria adoecer, eu não daria conta. Iria ser uma viagem e eu desistiria após essa “experiência traumática”.
Após a primeira viagem, foram outras seguidas, todos os meses. Tudo muito tranqüilo e planejado. Digo que minha rotina com minha bebê não alterou em nada minha vida profissional. Aí vocês podem pensar: ah, então você deixou de curtir sua filha, ela virou mero acessório. Ledo engano!
Curti muito, tive tempo de estar presente em todo o desenvolvimento, ela era prioridade. O trabalho caminhou junto, e não o contrário. Sophia nunca adoeceu. Nunca tomou remédio. Amamentei exclusivamente por 7 meses, quando Sophia não quis mais o peito. É da personalidade dela isso: quando não quer mais, simplesmente deixa sozinha. Foi assim com a mamadeira aos 2 anos. Um belo dia, acordou e quis leite no copo. E também com a fralda, recentemente: tirou e não quis mais, usando o peniquinho sozinha, sem pedir ajuda.
Com 2 anos e 8 meses, Sophia foi para a escolinha por vontade dela, pois para mim, estava ótimo continuar com ela em casa. Vai feliz, nunca chorou por estar sem mim a tarde toda. E eu? Bom, eu… estou feliz e realizada por ser mãe de 2 filhos maravilhosos e por ter conseguido me realizar profissionalmente em paralelo. Por não estressar com pequenas coisas que poderiam interferir no processo da maternagem, e ser, aos olhos de muitos, a maluca sem rotina.
Fonte: https://www.mamiferas.com